Agroflorestação: Outro jeito de fazer agricultura no Semi-Arido

segunda-feira, 10 de agosto de 2009

AQUECIMENTO GLOBAL, O VILÃO DO SÉCULO XXI

O Aquecimento Global é algo muito temido, porém pouco entendido. Hoje toda sorte de danos provocados à sociedade e a sua organização espacial por meio de agentes ou fatores naturais são colocados na esteira dos problemas ligados às mudanças climáticas. O problema já é de tal maneira de domínio publico que a maioria dos projetos que alegam reduzir, retardar ou reverter os impactos desta catástrofe anunciada são extremamente bem vistos.
Não foi a primeira vez que a sociedade mundial foi aterrorizada por um problema de escala atmosférica. O então famoso Buraco na Camada de Ozônio era uma terrível amostra do impacto das atividades industriais na natureza. Descoberto em meados da década de 1980, provocou reação extremamente significativa na opinião publica, ajudando com isso a questão ambiental e os movimentos ambientalistas a ganhar credibilidade, notoriedade e respeito. Outra reação foi uma conferência mundial sobre o tema que deu origem ao Protocolo de Montreal de 1987, quando foi estabelecido um cronograma de metas para substituição total dos CFCs[1], causadores do problema. Momento oportuno para ressaltar que a maioria dos CFCs foram de fato substituídos por CHFCs[2].
Na mesma época, em 1988, dois órgãos da ONU, a Organização Meteorológica Mundial e o Programa da ONU para o Meio Ambiente, iniciaram o Painel Intergovernamental para Mudanças Climáticas (conhecido pela sigla em inglês IPCC[3]). O problema, que já era tratado na esfera acadêmica há décadas (Ayoade, 1996), então começou gradualmente a assumir uma agenda política.
O considerável sucesso do primeiro caso citado, direcionou os trabalhos do IPCC. Importantes protocolos foram criados estabelecendo metas de redução no aumento das emissões de gases. O Protocolo de Kyoto, a reunião de Johanesburgo (Rio+10), e as cada vez mais concorridas reuniões do IPCC foram gradualmente se tornando momentos políticos importantíssimos no mundo pós Guerra-Fria. No entanto, a facilidade de consenso vista no Protocolo de Montreal não se repetira mais. Houve relutância dos principais poluidores bem como uma evidente cisão entre propostas dos países pobres em relação à dos países ricos, tornando os resultados práticos de todos os protocolos e relatórios inalcançáveis nos prazos estabelecidos.
Tamanha notoriedade e exposição não foi acompanhada pela difusão da base científica do problema dando margem a apropriação errônea quanto a sua natureza e polêmica que à cerca. Os trabalhos de previsão dos efeitos e eventuais críticas a estes trabalhos foram priorizados na mídia enquanto foram negligenciadas as informações sobre a metodologia e a conotação política de alguns relatórios. Aos louváveis esforços do IPCC misturam-se confusas relações políticas internacionais que impedem alguns documentos finais de conterem exatamente os resultados da discussão científica, e isso se deve ao fato de que para alguns países desenvolvidos a delegação no encontro tem um caráter ambíguo: científico, mas ao mesmo tempo diplomático.
É posição do IPESA manter uma distância crítica quanto às previsões numéricas referentes a quantos graus aumentará a temperatura da Terra nas próximas décadas. O mesmo em relação a quanto deve aumentar o nível do mar e sobre se vai ficar mais seco ou não e outras conjecturas semelhantes. Com relação a outras posturas, como as preconizadas por Hansen (2006) de que o planeta nas próximas décadas viverá as maiores temperaturas e níveis do mar dos últimos 3 milhões de anos, o IPESA entendemos que isso contraria diversos trabalhos científicos como os de Suguio (1977; 1999) e Almeida (2004) e toda uma linha científica de investigação que mostra como dentro da mesma escala de tempo houve significativa variação paleoclimática. Foram descritas épocas mais quentes com nível do mar alguns metros acima do atual, bem como com climas bem mais frios com níveis do mar muito mais baixos do que o atual.
O IPESA pressupõe que nos últimos 300 anos a composição da atmosfera está mudando através do aumento constante e cada vez mais acelerado na concentração de gases de efeito estufa (Ab’Saber et alli., 1996; Ayoade, 1996; Drew, 1983; Souza et alli., 2005). As atividades humanas, especialmente as ligadas ao modo de produção industrial e a transformação maciça da paisagem pela agricultura de mercado e urbanização, são as causas deste aumento contínuo na concentração de gases e na diminuição da capacidade natural do planeta se ajustar a esta condição (Smic, 1971, Ab’Saber et alli., 1996; Ayoade, 1996; Drew, 1983; Souza et alli., 2005; IPCC, 2006). O aumento contínuo da área total envolvida de forma direta pela economia de mercado representa crescentes danos e perdas à qualidade ambiental, aos biomas naturais e à biodiversidade vitais ao amortecimento da poluição lançada à atmosfera e à reprodução cultural das comunidades destes dependentes (Ab’Saber et al, 1996). O desequilíbrio ambiental decorrente das atividades citadas já afeta a qualidade de vida da maior parte da população terrestre e tende a piorar nas próximas décadas (IPCC, 2006).



O Clima é um conceito que resulta da observação das seqüências de tempo (weather). Por definição, aplica-se o conceito de ritmo ao de clima pressupondo, portanto, que é variável (Monteiro, 1991). Já que a composição de gases da atmosfera e a distribuição dos fenômenos na superfície terrestre interferem no balanço energético da atmosfera. Quaisquer alterações nesta composição e na distribuição e tipo de cobertura da superfície terrestre afetam este balanço. Mudança Climática é um tema redundante em termos do estudo do Clima. Entendemos que o conceito correto é o de Impacto Climático decorrente das Ações Humanas (Monteiro, 1991; Ayoade, 1996).
É de extrema importância reiterar que o desenvolvimento das atividades humanas, causadoras de Impactos Climáticos, é, como processo histórico, responsável também pela atual má distribuição de renda, insegurança alimentar, migrações e conflitos sociais que hoje afetam bilhões de pessoas (Harvey, 1990). Este é um processo contínuo historicamente que está em franco crescimento através do aprofundamento e reprodução das relações sociais de maneira cada vez mais abrangente no espaço (Santos, 2000). O desequilíbrio ambiental que causa impactos no funcionamento do clima global é na verdade um problema social e suas conseqüências têm impactos de extensão imprevisível no tempo e no espaço.
[1] Gáses c


onhecidos como CloroFluorCarbonos.
[2] Gases conhecidos como CloroHidroFluorCarbonos.
[3] Intergovernment Panel on Climate Change.

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